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A Copa do Mundo e os Coreanos

  • Foto do escritor: Ulisses Duarte
    Ulisses Duarte
  • 27 de dez. de 2022
  • 2 min de leitura

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Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Vivíamos toda a intensidade festiva daqueles dias. Os estrangeiros entravam e saíam de cada porta, loja, mercado.

Numa ida rápida para resolver algumas coisas no Centro da cidade, eu encontrei um grupo de argentinos. Eram, ao menos, cinquenta! Depois, vi alguns australianos. Logo atrás, um grupo de três coreanos, vidrados nas telas reluzentes dos seus celulares, e com a bela camiseta branca da seleção da Coreia do Sul. Pareciam perdidos com suas malas de rodinhas, dando voltas no poste das placas das ruas na calçada, atrás de alguma solução.

Um deles se aproximou, e tentou indagar em bom português:

- Vamos a Hoiotel. Fácil? – Muito discreto e em voz baixa, indicou o hotel desejado gravado no telefone.

Eu sabia onde ficava o hotel; não era tão distante. Então raciocinei como informá-los melhor. Arrisquei uma técnica um pouco mais primitiva: a mímica. Levantei um dos braços com as mãos, em direção às ruas que serpenteavam o Centro, e tentei me fazer entender:

- Vai sempre, direto ali, amigo – depois fiz um sinal contando com os dedos, um, dois, três... Era o número de quarteirões a serem percorridos no roteiro. E, segui:

- Lá em cima vocês, TCHAN – e indiquei a terceira esquerda para eles dobrarem.

- E, depois, mais uma rua e TCHUN – fiz um sinal para eles entrarem depois à direita. Os coreanos balançavam a cabeça de forma afirmativa, parecia que estavam entendendo perfeitamente.

Fiz mais alguns sinais indicando que eles deveriam caminhar até o meio de uma quadra, e:

- TCHONG, ali é o hotel!

Polidamente, os coreanos agradeceram numa variante muito meiga de nossa língua materna: “obigato”. Fiquei bem feliz em ajudar os nobres visitantes.

Segui resolvendo minhas coisas no Centro. Depois de passada mais de uma hora, já no primeiro bairro após a região central, percebi de longe, pelas camisetas brancas esportivas e o corte de cabelo bem liso e na régua, que era aquele grupo de coreanos no horizonte.

Lá estavam os três, cada um caminhando para um lado diferente da quadra empurrando as mesmas malas, com um copo plástico grande em cada mão, a mais ou menos uns três quilômetros do hotel. Passei por eles, que não me reconheceram de pronto, e perguntei:

- Amigos, e o hotel, acharam? – fiz o sinal positivo com o polegar, tentando entender se eles haviam conseguido chegar ao destino desejado.

Um dos coreanos, desta vez afobado, deu uma risadinha marota. Ao não entender a primeira mensagem, pediu uma nova informação:

- Caipilinha. Onde mais? Caipilinha!




*Livre adaptação de um crônica do Nenê, Ildefonso Antônio Lima Moreira, que nos deixou em 2016.


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